segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

SINTRA: DO TELEFÉRICO AOS VEÍCULOS RÁPIDOS...(*)

Não vamos exibir que sabemos...apenas mostramos o que conhecemos.

A Câmara Municipal de Sintra, ao falar em soluções para o acesso à Serra e seus Monumentos, certamente considerou os interligados congestionamentos que ocorrem no Centro Histórico. Soluções que, digamos já, não serão fáceis. 

Além das sugestões antigas recordadas há dias, acrescentaremos que em 1923 o sonetista Jayme Azancot sugeria "linhas eléctricas para S. Pedro, Lourel e Pena".

Está, pois, tudo inventado...e não é de agora...só falta estudarem-se os reflexos das várias opções no turismo sintrense, indissociáveis do comércio e postos de trabalho.   

Questões consideradas

Quanto a nós, os engarrafamentos no Centro Histórico estão intimamente ligados à devassidão da Serra por viaturas ligeiras e autocarros de grandes dimensões.

A E.N. 375 (até que um túnel o evite) continuará a passar no Centro Histórico como único caminho para Colares e acesso à Regaleira, Seteais, Monserrate e Eugaria.

Na Rampa da Pena apenas deverá ser permitida a circulação de transportes públicos e prioritários, acabando os ofensivos e perigosos parques inventados pela PS-ML.

Parque periférico de primeira linha

Nenhuma resposta para os problemas de trânsito no Centro Histórico ou formas expeditas de aceder à Serra poderá passar à margem de um grande parque periférico.

Na Quinta do Anjinho ou proximidade (zona do PPAN) seriam possíveis parques com dois pisos inferiores, um térreo para autocarros e, pelo menos, um piso superior.

Opção Teleférico


Nesta vertente da Serra, entre antenas e abandonos, o teleférico será agressor ecológico? 

O teleférico seria um dos meios com menor impacto ambiental nos acessos ao alto da Serra, garantindo a devida capacidade de resposta para elevado número de utentes. 

Funciona em sistema rotativo e até com pequenas cabines de 10 lugares poderá transportar por hora mais de 300 pessoas, um número significativo. 

No caso de Sintra, será pouco possível que as "sapatas" se distanciem entre si 500 metros (assim dito recentemente). Com tal afastamento a catenária bateria no solo.

Provavelmente, as "sapatas" de suporte terão entre elas cerca de 100 a 150 metros. Assim, além dos dois cais (para rotação), existiriam 10 a 15 "sapatas". 

Whitefish Mountain: Com altitude de 1700 metros e cabines de 6 lugares (cadência de 1 minuto)

Afigura-se-nos que a opção por grandes cabines não será válida para a Serra de Sintra. As grandes cabines operam quando as catenárias ligam duas elevações distantes.

Cabine para mais de 30 pessoas entre Vancouver e a Grouse Mountain (ligação entre duas elevações)

Devido às pausas, será difícil um teleférico corrido entre a zona da Quinta do Anjinho e o Centro Histórico, devendo no alto da Serra ser feito transbordo para outro meio.

Importará repensar sobre os efeitos do teleférico nos fluxos turísticos. O fácil acesso à Serra também incentiva o regresso ao parqueamento sem descer ao Centro Histórico. 

Nestas condições, até que ponto o teleférico afectará o comércio local?

Opção funicular

Não valerá a pena iludirmos com comparações do que não é comparável.

Os funiculares são elevadores usados para significativas diferenças de nível em espaços curtos, habitualmente com uma só via que duplica onde as cabines se cruzam.

São exemplos de elevadores/funiculares em Lisboa os da Glória, Bica e do Lavra.

Dos vários funiculares europeus, citaria 2 em Bergen, Likavitos em Atenas (210 metros),  Hallstatt e em Como, todos com um pormenor comum: fabulosos panoramas.

Belo panorama sobre Bergen (2000)

O funicular de Como é diferente dos outros: embora utilizado por turistas (panorama sobre o Lago) faz parte da rede de transportes públicos que serve a Comuna de Brunate. Tem capacidade para 80 pessoas, e circula normalmente a cada 15 minutos. 

Lago di Como: funicular vai a uma altitude inferior a 500 metros, num percurso de 1084 metros

O funicular de Halstatt (cidade património da Unesco e uma das mais belas do mundo), leva-nos numa subida íngreme até às mais antigas minas de sal do mundo. 

Halstatt: Uma fantástica subida quase a pique

Os funiculares de Como ou Halstatt não sentem uma procura tão frequente e numerosa como sucede para visitas ao Palácio da Pena ou ao Castelo dos Mouros. 

Por outro lado, se os funiculares oferecem mais lugares que os teleféricos, os tempos entre circulações são alargados, até para o cruzamento das cabines na ida e na volta.

Também não se pode dizer, sem erro, que o impacto ambiental, até por mais impermeabilização dos solos, é menor do que o teleférico que se limita às "sapatas".

Em tese, o teleférico, pela maior rapidez e por menos danos ambientais, será preferível aos funiculares para o fim pretendido de se chegar ao alto da Serra.

Opção escadas rolantes

As escadas rolantes são uma excelente alternativa que exige patamares a distâncias relativamente curtas. Também não são apontadas para distâncias significativas.

Têm elevados custos associados, não só para assentamento e maquinismos, como para as naturais coberturas a instalar no percurso. De qualquer forma damos um exemplo:

Belluno: parque de estacionamento periférico para acesso ao largo fronteiro à Catedral

Belluno: um dos vários lanços da escada rolante, sempre coberta 

Eventuais soluções que passem por escadas rolantes terão de ser ajustadas com outros meios de acesso, não se excluindo para ligações a partir do Centro Histórico. 

Opção com viaturas rápidas

A Itália é uma escola sobre Centros Históricos. Uma Opção assenta em transportes públicos (ou privados) que fazem ligações a partir de parques fora dos Centros.

As viaturas (automóveis ou de grande turismo) chegam aos parques e logo algumas viaturas com capacidade reduzida (próximo dos 27 lugares) recebem os visitantes, levando-os até ao centro das zonas a visitar. 

Taormina: Viaturas para transporte de turistas à cidade 

Muitas vezes os preços já estão incluídos nos parqueamento. Na verdade, nunca pagámos qualquer preço extra para o transporte a zonas protegidas.

Esta opção, cujos custos apenas seriam com as viaturas e sua manutenção, permitiria uma Serra limpa, melhor acesso aos locais e desenvolvimento económico. 

Em Sintra qual a opção preferida?

Admitimos não ter razão, mas a opção mais realista, tendo em conta os elevados custos que todas as outras opções acarretam, seria um sistema de transportes em circulação permanente dos Parques periféricos ao Centro Histórico e à Serra.

Com a vantagem de, passando na Estação da CP, com um bilhete único para as várias etapas a visitar, poder recolher os que chegam a Sintra por caminhos de ferro. 

Claro que, como dissemos no início, a Estrada da Pena seria interditada à entrada do acesso para a Calçada da Pena, seguindo na direcção Azóia todos os veículos que não constituíssem a Rede de Circulação Interna de Sintra (RECIS).

Tomando por princípio que, sem reservas, pelo menos no Ramalhão (ou próximo) seria construído um adequado Parques de Estacionamento periférico.

Assim, a Serra não seria vítima de várias poluições, nem os automobilistas chegariam - a qualquer preço ambiental - ao Palácio da Pena ou ao Castelo dos Mouros.

Uma matéria que merece ser bem avaliada e discutida, para bem de todos nós.


(*) Fotos propriedade de Fernando Castelo





  




  
















2 comentários:

Luis Alves disse...

Bom dia,
parece-me que a solução preconizada, peca por simplista. é importante não esquecer que nem todo o turista que nos visita fica satisfeito com o mero serviço de transporte. Existe procura por serviços personalizados que são prestados por empresas privados que necessitam de aceder as vias de acesso que atravessam a serra. é por isso que estas particularidades sejam pensadas a quando de uma eventual restrição á circulação automovel.

Fernando Castelo disse...

Caro Luís Alves,
Muito obrigado pela sua visita e participação.
Como terá notado, apenas o trajecto (em tempos até tinha lá uma placa a indicar "Caminho privado") entre o cruzamento que vai para a Azóia e a Rampa da Pena seria "corredor" para as viaturas em circulação. Ninguém em particular precisa de utilizar aquela via para chegar ao destino...salvo se o Castelo ou a Pena. Aliás, se observar o que é aquela zona atafulhada de carros e autocarros em certos dias, compreenderá que nada pode ser assim no futuro. Só viaturas específicas, em circulação permanente (por exemplo de 5 em 5 minutos, e para isso bastariam 10 ou 12) evitariam o escândalo actual de ofensa à natureza e perigos em caso de uma fuga. Um abraço